terça-feira, 4 de agosto de 2009

Britney: "Talvez eu vire lésbica". (Revista Época 2003)


A diva emergente do pop confessa que quase nenhum galã de Hollywood a atrai e que tem uma dívida com a amiga Madonna.Em seu quarto CD, que será lançado no mundo inteiro nesta segunda-feira, 17, Britney Spears finalmente iguala o produto com a imagem do dono. In The Zone (BMG), é um pot-pourri de gemidos sensuais de uma garota que quer chocar como Madonna. A crítica americana já começou a aprovar os arranjos sofisticados e o flerte de Britney com o trip-hop e sons asiáticos, tudo isso somado à típica fórmula pop do momento. Para provar que este é mesmo seu melhor álbum, Britney tirou os últimos dez dias para ralar e rolar na lama. Na segunda-feira, 10, provocou um alvoroço na região do Time Square ao se apresentar ao vivo. Uma noite mais tarde foi a vez de a pop star receber o título de “Mulher do Ano” dado por uma revista feminina, na qual ela apareceu com um chapéu em estilo “viuvinha alegre”. E tem programas de TV e tardes de autógrafos.
Num dos intervalos da mastodôntica maratona de promoção, Britney conversou com a reportagem de ÉPOCA. Foi a segunda entrevista que a cantora concedeu à revista neste ano. E quanta diferença de atitude. Ao contrario da vacuidade do primeiro encontro, Britney estava muito mais simpática nesta segunda vez, dando respostas longas e reveladoras. Ela falou sobre seu rompimento com a religião, do arrependimento de ter posado para fotografias em trajes sumários e até se permitiu fazer brincadeiras com sua imagem. Entusiasmou-se tanto que chegou a dar alguns minutos a mais de entrevista. Ela vestia um jeans de cintura baixa, top pink com lacinhos de seda, que deixava seu umbigo à mostra (a moça é supersarada), e uma bota bege, tudo, disse ela, de sua grife. Sentada na pontinha do sofá numa ampla suíte de um hotel no SoHo, Britney bebia água Evian e pediu desculpas por não saber nada de música brasileira.

Seu álbum é uma cartilha de gritos e sussurros libidinosos. Você queria mostrar uma Britney em fogo?
Não, não foi isso o que planejei. Talvez pelo fato de ter surgido aos 16 anos, e crescido sob o olhar público, as pessoas tendem a me rotular como eterna garotinha. Mas é claro que, aos 21 anos, você vai querer falar sobre coisas que estão na canção Breathe On Me (Respire em Mim). Acho libertador e bastante positivo poder me expressar e falar sobre as coisas que sinto. É algo esclarecedor para mim. Do contrario, seria uma pessoa muito complacente.

A crítica já está de olho em seus movimentos sensuais. Trata-se do chamado puritanismo americano?
Realmente, não entendo. Para mim é uma coisa do outro mundo. Veja o fato de eu ter beijado Madonna na boca. O que é que tem demais nisso? Garotas beijam garotas, ou fazem coisas disparatadas o tempo todo. Até entendo que, de certa maneira, beijar outra mulher em público possa chocar alguns, mas até aí... Pegaram no meu pé, pois no cérebro da maioria das pessoas eu ainda tenho 16 anos. É assim. Qualquer coisa tola que eu faço é aumentada dez vezes.

Explique essas “coisas tolas”.
Se eu saio para beber, dizem ou escrevem que estou tomando drogas. Gente é apenas eu crescendo e experimentando a vida. Alôôôôô! Não estar com um namorado o tempo todo e se aventurar por ai são coisas que você precisa experimentar. E acredite: é uma coisa assustadora para mim também. Por vezes me sino insegura com experiências novas. Só que as pessoas não podem viver sempre dentro de uma bolha de sabão. Temos que aproveitar a vida.

O beijo da Madonna, então, não foi um momento lésbico, certo?
Não (risos). Foi somente eu interpretando no palco. Nada mais profundo. Não sai daquele palco, calcei botas de caubói, endureci o andar e fui namorar uma cowgirl. Britney é ainda uma verdadeira garota sulista!

Por falar em Madonna, parece que ela se tornou muito importante em sua vida. Ela não só participa do seu álbum, na faixa Me Against the Music, como virou uma espécie de conselheira sua.
Gosto da presença de Madonna. Não estou falando sobre o trabalho dela ou do fato de ela ser uma estrela. É a presença dela. Quando entro em seu quarto. Não digo apenas “ah, o quarto de Madonna”. Tem algo muito forte sobre ela, como se uma parte da energia dela me pertencesse. É inspirador e fico muito agradecida por Madonna existir. Considero-a minha madrinha. Ela é uma pessoa que me saca muito e é ótimo sentir que fui compreendida.

Como Madonna, ultimamente, você tem aparecido bastante insinuante em capas de revistas. Está querendo chocar também?
Esses momentos, como a capa da revista Esquire, aconteceram sem a pretensão de chocar. E, honestamente, eu achei as fotos até um pouco demais para mim. O que aconteceu é que fui manipulada para dentro de uma situação. Não estou querendo dizer que renego as fotos — elas nem são tão ruins assim —, mas quero dizer que aprendi minha lição: a de não acreditar sempre nas pessoas que estão ao meu redor. Por conta dessa experiência, dei uma acordada. Se tivesse de refazer as fotos, eu as faria diferentes. Estou feliz que isso tenha acontecido, pois foi mais uma lição.

Fotos em trajes sumários, beijo na Madonna, disco sensual, tudo o que você tem feito recentemente gera um bocado de crítica. Como se protege do coro dos descontentes?
Você apenas tenta se proteger. Fui bastante atacada em várias situações, especialmente nas entrevistas que dei. É por isso que fico paranóica de falar com a imprensa. Sabe por quê? Alguns jornalistas ou críticos chegam, sentam a sua frente, fazem de conta que são seus amigos, cobrem de elogios seu trabalho e depois, quando dão as costas, viram seres cruéis, pois tinham uma agenda, uma lista de intenções por trás daquele bate-papo. Por vezes fiquei parecendo uma completa idiota em entrevistas que dei. Minha meta é não me amolar mais com essas pessoas. O fato de crescer no sul leva a crer que todo mundo é como você. Que todo mundo é legal, que está lá para lhe dar apoio (fala caprichando no sotaque sulista arrastado), que minha mãe deve trazer bolinhos para o chá da tarde e vamos ser uma grande família. Mas a realidade é bem diferente. Você tem é de cultivar um traseiro com uma espessa pele protetora para o pontapé não doer.

Uma das canções do seu novo álbum, a balada Everytime, seria destinada a seu ex-namorado Justin Timberlake. Você realmente escreveu um pedido de desculpas para ele?
Everytime é apenas uma canção como qualquer outra. Aceite-a pelo o que ela é.

O romance Bennifer (Ben Affleck e Jennifer Lopez) continua a rechear os tablóides. Tendo em vista esse circo da mídia no qual eles entraram, com sua conivência, e de onde agora não conseguem sair mais, que tipo de precauções você toma?
É preciso achar um ponto de equilíbrio quando se é uma figura pública. Você não pode dividir seus segredos com todo o mundo. É necessário deixar um pouco para você também. Sempre fui muito boa em meus relacionamentos. Meu primeiro grande relacionamento passou longe do olhar público. Meu namorado e eu brigávamos porque eu não queria ir a nenhum lugar público com ele. Sentia-me esquisita. Um vez que você sai do saco e deixa tudo público, isso se transforma numa coisa maior que você. E, quando há a exposição, você se sente muito vulnerável. Muita gente me diz: “Ah, mas ter um namoro público não é grande coisa”. Mas é sim. Quando sua vida particular está sob os holofotes, tudo pode se tornar mentalmente exaustivo e confuso.

Depois de um relacionamento tão comentado como foi o último (com o cantor Justin Timberlake), você não tem medo de se apaixonar novamente?
É muito estranho. Sinto-me estranha. Sou do tipo que precisa estar muito apaixonada por uma pessoa para poder ficar com ela. Não sou do tipo que encontra um cara e diz: “Oh, vamos ficar hoje”. Isso não está em meu sangue. Preciso estar completamente apaixonada. Do contrario, prefiro ficar em casa fazendo ioga. As pessoas costumam me irritar às vezes. Mas estou tentando ficar um pouco mais liberada (bate as mãos no ar): não ser tão medrosa, deixar os caras chegar mais junto e não ficar pensando coisas como “ah, por que ele está falando isso? Será que ele gosta de mim só pelo fato de ser quem sou?”.

O que um cara tem de ter?
Ele precisa ser animado e engraçado, a ponto de me fazer rir muito. Tem também de ser bastante esperto, pois eu analiso tudo, tudo. E gosto de questionar as coisas, pois tenho uma mente curiosa.

A indústria musical vem lutando para acabar com a troca ilegal de arquivos na Internet. O que você acha dessa cruzada?
Acho que tudo acontece por uma razão. Provavelmente a troca ilegal está prejudicando minha vendagem e de outros artistas também. Acho errado isso e podia fazer um sermão agora, mas não posso. Minha irmã é uma das pessoas que estão em casa baixando música da internet! É uma grande ironia eu estar sentada aqui falando sobre isso. Mas para minha geração foi ensinado que nada é mais sagrado. Tudo está muito disponível para nós, seja internet, seja TV, 24 horas por dia. Acho que a simplicidade faria muito bem para nós. A simplicidade do leiteiro batendo na porta, e não a comodidade de ter milhares de sabores de café no Starbuck’s.

Você repreendeu sua irmã ao flagrá-la baixando música na internet?
Não, foi minha mãe quem a pegou. Mas ela é apenas uma criança. Ela vai fazer o que todo o mundo faz ou o que os computadores permitem.

Qual sua opinião sobre o governo de George W. Bush?
Não quero falar sobre isso. Política é uma coisa que não tem espaço agora para mim.

O que sabe da música brasileira e qual foi a impressão que ficou do Brasil depois de sua visita?
Não conheço nada de música brasileira. Mas achei um país maravilhoso e gostaria de me apresentar lá novamente.

Que CDs e livros têm feito sua cabeça no momento?
Adoro os novos Cds do Robin Thicke e do Black Eyed Peas. Gosto muito de ler e estou totalmente imersa na cabala. Li oito livros sobre o tema na semana passada depois de ter tantos livros de auto-ajuda, disse para mim mesma: “Britney, deixe as coisas ser do jeito que elas devem ser!”

Você é uma pessoa ligada em espiritualidade?
Sabe de uma coisa? Quando pequena, eu estava num contato muito forte com alguma coisa superior, estava muito conectada com a luz. Então, algo aconteceu e eu decidi ser sombria. Não é uma coisa negativa. Uma pessoa que experimenta o céu num nível tão elevado em seu subconsciente é algo maravilhoso. Cada pessoa cristã, cada pessoa de fé chega a um ponto que experimenta algo assim em sua vida, e eu acho que isso acontece por uma razão, pois faz você apreciar a luz muito mais. Mas eu estava ficando complacente por tempo demais. Você que sofrimento, privação e morte, você quer experimentar a vida num nível de maior dificuldade, para você entender e ficar mais próxima daquela pessoa de coração partido na rua. Sair debaixo da luz tira a inocência, mas também faz ser mais compreensivo ao se relacionar com as pessoas. Quando atravessei esse período dark, fui uma pessoa muito triste. E agora sai dessa e estou aprendendo cabala e todas essas coisas interessantes. Não estou mais em meu mundo espiritual de antes. Agora estou aberta e entendendo que religião é uma coisa que está causando guerras no momento.

O que você acha das garotas que a copiam na música?
Não acho que alguém esteja me copiando. Christina (Aguilera) é completamente diferente de mim. Avril Lavigne é completamente diferente de mim. E Pink, a mesma coisa. É ótimo que todas nós tenhamos a própria individualidade. No final das contas, o que temos em comum é uma grande vontade de compartilhar nossa energia e alegria e inspirar outras pessoas, tentar achar coisas interessantes sobre nosso mundo maluco. Quando olho para, Christina, Avril, Shakira e Beyoncé, vejo-as como cantoras que inspiram, não como clones.

O que é sexy para você?
Sexy para mim é quando você não sabe que é sexy. É ser você mesma. Não gosto de pessoas que vão a lugares e posam de gostosas. É tão detestável. Seja apenas você mesma. Abaixe a guarda e não tenha medo de soar estúpida ou estranha. Talvez essa coisa estúpida ou estranha seja o que é certo para a outra. Sexy é mostrar sua realidade. E, acredite, é uma coisa difícil de fazer, pois eu mesma tenho problemas às vezes. Quando faço uma entrevista e choro, fico arrependida. Por que eu fui choraaaaaar (simula estar chorando)? Mas mostra uma coisa que é real.

Muitos famosos já deixaram claro que têm uma quedinha por você. E você, por quem teria?
Brad Pitt. Sempre tive uma queda por ele. Ele é o máximo, mas preciso me calar sobre isso. Ele tem uma mulher, quem sabe logo um filho, e a tola da Britney Spears não pode calar a boca. Está constantemente falando sobre Brad Pitt. Preciso ter um novo ídolo.

Que tal George Cloony?
Não.

Johnny Deep?
Não.

Orlando Bloom?
Nãããããão. Talvez eu vire lésbica (risos).

Fonte: X-Britney

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